Enquanto o nosso belo jardim à beira mar plantado reflecte, comenta e discute a prestação da selecção na África do Sul, o estado português tira coelhos da cartola, e neste caso, quase literalmente.
Fiquei um pouco confuso ao saber da decisão, não sabia bem as
consequências, boas ou más, do uso da
golden share que o estado detém na PT. Mas dois dias volvidos, começamos a perceber que implicações teve esta decisão. Primeiro foi o governo espanhol a
criticar a tomada de posição de
sus hermanos. Depois foi o Financial
Times a
por em causa a credibilidade do governo português. Nos próximos dias acredito que muitas mais opiniões se farão ouvir.
Ora, em termos económicos, a minha opinião é modesta, sei que perder 70% dos clientes não deve ser bom em negócio algum, contudo, a telefónica, neste caso, estaria a comprar os clientes à PT, haveria portanto uma contra partida, não deixando de ser um duro golpe no Plano Estratégico da PT.
Mas o cerne da questão para mim nem é este. Até porque, sinceramente, dentro de uma empresa como a PT existem pessoas pagas para estudar propostas deste género e avalia-las, certo? O cerne da questão é outro e está no facto de numa Assembleia Geral os accionistas terem votado a favor de uma decisão, por uma maioria
significativa (73,91%), e o estado ter intervido, beneficiando uma minoria. Isto tem muitos nomes, nomeadamente em regimes totalitários, e representa um duro golpe para a imagem de um estado de direito. O estado não deve intervir nas empresas privadas, muito menos indo contra a maioria dos seus accionistas, muito menos sobrepondo-se aos privados.
O Estado tentou salvar todos, mas afinal já ninguém queria jogar às escondidas.